O
Prêmio Alceu Amoroso Lima – Direitos Humanos 2015 já tem data para
acontecer: dia 8 de dezembro, às 18h30, na sede da Universidade Cândido
Mendes (Rua da Assembléia, 10, 42º andar, Rio de Janeiro). A iniciativa,
do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade homenageia quem se
destacou na luta pela justiça, pela paz e pelos direitos humanos. Dom
Mauro Morelli, Yvonne Bezerra de Melo e Inês Etienne Romeu (post mortem)
serão os agraciados deste ano.
A
data também será marcada pelo lançamento de mais um livro da Coleção
Presença de Alceu. “Teologia e Sexualidade: Portas Abertas pelo Papa
Francisco”, organizado pelo teólogo padre Luiz Corrêa Lima. O evento
terá a participação do coral Nheengarecoporanga, do Centro de Defesa dos
Direitos Humanos de Petrópolis.
“Dr.
Alceu dedicou uma vida aos menos favorecidos e sempre lutou pela
construção de uma sociedade menos desigual e mais fraterna. O prêmio
mantém esta memória viva na história e dentro dos corações de cada um de
nós”, declarou a diretora do CAAL, Maria Helena Arrochellas.
Saiba mais sobre os agraciados:
Dom Mauro Morelli
é bispo emérito da Diocese de Duque de Caxias, estado do Rio de
Janeiro, da qual foi o fundador. Foi bispo auxiliar da arquidiocese de
São Paulo.
Foi
ordenado diácono em 3 de junho de 1964 e recebeu o sacramento da ordem
em 28 de abril de 1965. Em 12 de dezembro de 1974, foi nomeado bispo
auxiliar de São Paulo pelo papa Paulo VI, recebendo a sagração episcopal
de Dom Paulo Evaristo Arns em 25 de janeiro de 1975. Em 25 de maio de
1981, foi nomeado pelo papa João Paulo II o primeiro bispo da então
criada Diocese de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde
permaneceu até 12 de junho de 2005.
Sua
atuação à frente do episcopado lutou por uma igreja aberta aos
problemas do mundo e na luta pela dignidade humana. Nos anos 1986 a
1990, juntamente com o Pastor Presbiteriano Jaime Wright e Dom Waldyr
Calheiros integrou a junta jurídica do Serviço Paz e Justiça na América
Latina, SERPAJ-AL, organização internacional de Defesa dos Direitos
Humanos, e organismo consultivo da ONU que é presidida por Adolfo Pérez
Esquivel, Prêmio Nobel da Paz de 1980.
Destacou-se
pelo combate à miséria e à fome e pela luta pela ética e cidadania. Foi
um dos fundadores do Movimento pela Ética na Política. Junto com
Herbert José de Sousa, fortaleceu a Ação da Cidadania contra a Fome, a
Miséria e pela Vida. Esteve à frente da criação do conceito de segurança
alimentar enquanto combate à fome. Em São João de Meriti, é o
articulador do programa Mutirão de Combate à Desnutrição
Materno-Infantil. Foi membro do Comitê Permanente de Nutrição da ONU.
Foi presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional-CONSEA durante o governo Itamar Franco, de 1993 a 1994, além
de presidente do CONSEA- MG e CONSEA-SP.
Em
2004 fundou o Instituto HARPIA HARPYIA – Agência de Defesa e Promoção
do Direito à Alimentação e Nutrição, com sede em Indaiatuba, São Paulo.
Em 2005 o Papa aceitou sua renúncia ao cargo de bispo diocesano.
Neste
ano de 2015 Dom Mauro comemorou 40 anos de bispo, 50 sacerdote e 80 de
idade, além dos 34 anos da instalação da diocese de Duque de Caxias.
Yvonne Bezerra de Melo
é carioca. Estudou na França, na Sorbonne. Em 1989, de volta ao Brasil,
notou o enorme número de crianças nas ruas e decidiu que iria trabalhar
com elas, alfabetizando-as e ensinando-lhes algo a céu aberto. É parte
de uma ideologia antiga: ela sempre acreditou que só diminuindo o abismo
educacional entre as classes o Brasil irá melhorar. Foi, então, para a
Candelária, onde, na época, meninos e meninas se agrupavam às dezenas.
Lá, conheceu Sandro Nascimento -um dos sobreviventes da chacina, que,
sete anos depois, sequestrou o ônibus 174 e foi o protagonista de outra
tragédia, televisionada em rede nacional e encerrada com a chocante
morte da refém.
É
a protagonista do Projeto Uerê, pelo qual recebe o prêmio deste ano,
que recupera, por meio da educação, crianças com poucas chances na vida -
e se sustenta com doações e apoio de empresas.
Inês Etienne Romeu,
ex-presa política, foi a única sobrevivente da Casa da Morte, em
Petrópolis, um aparelho clandestino de tortura da ditadura que torturou e
executou adversários do regime militar. Saiu de lá graças a denúncias
de sua prisão ilegal, que repercutiram internacionalmente. Sobreviveu
porque a família e os advogados a entregaram para a Justiça.
Inês
integrava o comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foi
delatada por um camponês que tinha o codinome de Primo e presa em 5 de
maio de 1971 pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na avenida Santo
Amaro, em São Paulo, por suposta participação no sequestro do embaixador
suíço Giovanni Bucher, uma operação feita pela sua organização meses
antes sob o comando de Carlos Lamarca.
Graças
a Inês, vários torturadores da Casa da Morte foram identificados. Foi
com seu testemunho também que se descobriu o papel que o médico Amílcar
Lobo desempenhou na casa dos horrores: ele era responsável por manter
vivos os presos, para que eles fossem submetidos a mais torturas, pelo
tempo que os torturadores considerassem necessário para arrancar deles
as informações que queriam. Lobo, codinome “Dr. Carneiro”, teve o seu
registro de médico posteriormente cassado pelo Conselho Regional de
Medicina (CRM).
Inês
faleceu no dia 27 de abril deste ano deixando um testemunho exemplar de
quem buscou, durante toda a vida, um Brasil mais justo.
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